terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Raphaël - Caravane (Live)


Puisque j'en ai les larmes aux yeux
Que nos os ne tiennent plus ensembles
Que moi aussi je tremble un peu
Parce que je ne vais plus attendre
Puisqu'ici je n'ai aucun droit
Puisque nous sommes proches de la nuit
Et puisque ce monde a le verdige
puisque l'on sera un jour puni
Puisque je rampe comme un enfant
Et que je n'ai plus de chemise
Que c'est le bon dieu qui nous fait
puisque c le bon dieu qui nous brise
Puisque rien ne peut arriver
Puisqu'il faut qu'il y ait une justice
je suis né dans cette caravane
Et puis nous partons allez viens
allez viens
parce que ma peau est la seule que j'ai
Que bientot mes os seront ds levent
je suis né dans cette caravane
Et puis nous partons allez viens
allez viens


best music ever!

algo de mim ainda está em ti,
seja isso o que for,
quando estou só,
estás tu e eu,
e quando um dia passar,
e se um dia por ti passar,
vou sorrir e olhar.

E, sei eu e tu,
que nada é igual a nós,
que por muito que,
qualquer proteína,
seja funcional,
nenhuma ligação existiu,
tão complementar como tu e eu.


E eu sei, que sendo tu quem és, e gostando eu desta musica, tu também irias gostar, pois, quando disseste tu que não gostavas de uma música que eu gostasse? Quantas músicas minhas não ouviste tu?

E porque escolhes tu um caminho tão distante do meu? Que se afasta tanto do meu? Porque me sinto a evoluir e tu a regredir? Porque nos vejo no mesmo local no passado e em níveis tão diferentes agora? Porque não te vejo como já vi?

Gostava que ainda fosses quem já foste. Por um momento gostava que ainda fosses aquele que amei. E não uma pequena ilusão, uma imagem vazia, esvaziada de conteúdo e oca de pensamentos. Por muito que me sejas, sou mais eu sem ti.



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Hernitage

Lá fora a vida contínua. Tudo decorria normalmente, mas dentro de casa não há vida, podia ver o pó a pairar na luz da janela, os pequenos desenhos de poeira no tapete negro, via tudo como sempre vi, cheio de vida, da minha vida, apenas sorri.

Não restava nada, nada que me importasse, nada por que me preocupasse.

Ali fiquei, no velho sofá de tecido puído, ainda não acreditava em tudo o que mudou, foi quando, após fixar apaticamente a penumbra de um canto, me apercebi que algo ali estava, algo que não pertencia ali, que não me pertencia, e, se não era meu, só podia ser… Oiço o piano, apenas uma tecla, talvez o gato tivesse regressado na esperança que eu, eu!, desta vez o alimentasse, mas de um Dó se propagou uma melodia, ganhou forma e textura, “The Promise” de Michael Nyman reconheci, não, não estava só. Apenas eu começava qualquer melodia com um Dó, talvez por mania, talvez por…, o primeiro som, o primeiro amor.

“Why?”

“I’m sorry.” – Respondeu.

“What are you doing here?!” – Perguntei

“I don’t know. I really shouldn’t be here.”

“Of course not. You can’t just enter here at your will anymore!”

“Oh sure, sorry, I mean, is that all?”

“And start playing with Dó! You never do that, that’s my thing!”

“I know, can’t I stay just for a while? But is that all? Are you just mad because I’ve entered and because of the Dó thing?”

“I’m not the one saying everything anymore.”

“Oh...”

And then the door opened...

“What?...”

“You really should have said you’ll come... sorry... I mean there’s nothing that I need to be sorry for...”

“Oh, I mean, I see... oh gosh I’m so stupid...”

“Well you can stay, you have the keys, I’m leaving now, we’re going… I’m leaving” – E nesse momento, enquanto a minha mão era puxada suavemente, passei por ti e vi-te pela última vez.

domingo, 14 de novembro de 2010

O mesmo

Através dessa tua forma plural de falar estendeste a mão. Num pequeno olhar deixei cair a minha para me juntar a ti. Juntos demos mais um passo para o precipício que nos juntará.








P.S. Como metade dos meus posts ao longo destes anos se referem a uma contorbada relação pessoal que mantenho decidi fazer uma nova etiqueta designada "Meu D."

domingo, 24 de outubro de 2010

Paris, Je t'aime


"Et tu as était admise bien sûr. Tu as quittée Boston pour emménager à Paris. Un petit appartement dans la rue du Faubourg Saint-Denis. Je t'ai montré notre quartier, mes bars, mon école. Je t'ai présentée à mes amis, à mes parents. J'ai écouté les textes que tu répétais, tes chants, tes espoirs, tes désirs, ta musique, tu écoutais la mienne, mon Italien, mon Allemand. Je t'ai donné un Walkman, tu m'as offert un oreiller. Et un jour tu m'as embrassé. Le temps passait, le temps filait, et tout paraissait si facile, si simple, libre, si nouveau et si unique. On allait au cinéma, on allait danser, faire des courses. On riait, tu pleurais, on nageait, on fumait, on se rasait. De temps à autres tu criais sans aucune raison ou avec raison parfois, oui, avec raison parfois. Je t'accompagnais au conservatoire, je révisais mes examens, j'écoutais tes exercices de chants, tes espoirs, tes désirs, ta musique, tu écoutais la mienne, nous étions proche, si proche, toujours plus proche. Nous allions au cinéma, nous allions nager, rions ensemble, tu criais avec une raison parfois, et parfois sans. Le temps passait, le temps filait. Je t'accompagnais au conservatoire, je révisais mes examens, tu
m'écoutais parler Italien, Allemand, Russe, Français. Je révisais mes examens, tu criais, parfois avec raisons. Le temps passait sans raison, tu criais sans raisons. Je révisais mes examens, mes examens, mes examens, mes examens... Le temps passait, tu criais, tu criais, tu criais... J'allais au cinéma..."

de Paris, Je t'aime

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Era uma vez uma pequena ovelha chamada Violeta Margarida que tinha as patas muito curtas, um apetite voraz e uma grande vontade de aprender. No seu dia-a-dia a nossa pequena ovelha costuma apresentar um padrão fixo de acção, resultante dos estímulos sinais que recebe e que transforma numa resposta. São esses estímulos os desencadeadores das suas acções. Como uma ovelha calminha e certinha que é, a Violeta, por norma não exibe comportamentos deslocados

Antes de sair de casa, a pequena ovelha comeu o seu pequeno-almoço, do qual constavam alimentos muito ricos em energia específica de acção, que será a energia que ao longo do dia a Violeta vai ter para as suas acções.

Quando a Violeta come muito ao pequeno-almoço, resultado da sua motivação ou estado interno, fica com muita energia específica acumulada, o seu limiar de resposta aos estímulos desce e começa a ter acções sem um estímulo, começa a ter actividade no vazio.

A Violeta é uma ovelha muito conversadora, resultado dos varios estímulos que recebe de outras ovelhas com que mantém uma relação e que funcionam como desencadeadores sociais, ou pelo menos é isso que ela alega sempre que lhe dizem que ela fala demasiado.

Quando encontrou uma dessas ovelhas, foi-lhe oferecido um bolo. Violeta tinha acabado de tomar o pequeno-almoço, mas sentiu vontade de comer o bolo, tinha um aspecto muito bom e sem que ela soubesse estava grávida. Esses dois elementos juntaram-se e deram-lhe mais vontade de comer aquele bolo a que não resistiu. Esses dois elementos fizeram assim uma somação heterogénea que levou a pequena ovelha a comer mais do que o habitual.

Quando está muito tempo sem comer, a Violeta rapidamente fica com muita fome e, quando está o tempo suficiente sem comer, um mecanismo chamado: mecanismo desencadeador inato faz com que ela faça tudo o que puder para comer e assim acabar com o sentimento de fome.

domingo, 25 de julho de 2010

Não sei (2)


Cheguei e não me falavas. Nada, um “olá”, um “com licença”, e eu nem conseguia olhar para ti. Mas depois de almoço, estava deitado na beira da piscina, de olhos fechados postos no céu, vieste a nadar e tocaste-me suavemente ao longo do braço, puseste-me uma folha de uma qualquer árvore daquele jardim na mão e fechaste-a em redor dela, puseste a tua boca molhada na minha mão, os teus dentes a pressionar o meu mindinho como se me estivesses a dar uma pequena mordedela, como se me tivesses a chamar à atenção, mergulhaste. Já depois do jantar, dos jogos de cartas noite fora, estavam todos na piscina, eu já tinha saído e como tinha frio fui buscar um casaco, ficaste na piscina a rir-te, ouvia o teu riso parvo, fiquei encostado ao carro, já com o casaco posto a pensar em como estavas contente, e não percebia então nada, o pouco (o nada) que me falavas, aquele momento na piscina, nada. Estava a voltar quando vinhas na minha direcção, acabado de sair da piscina, completamente encharcado, só de calções, não sabia se vinhas ter comigo ou se também ias ao carro (ou fazer outra coisa qualquer?) e então continuei a andar em direcção ao jardim, quando passávamos um pelo outro senti-me hesitar e quando já tinha passado por ti voltas atrás e pressionas-me contra aquela casa de jardim, contra aquela porta, estavas cheio de frio e tirei o casaco para te dar (“Toma”). Aceitas-te (deste-me um “O.K.”) e atiras-te o para longe, seguraste-me nos pulsos, olhaste-me fixamente, quase ameaçador, olhaste-me de baixo e beijaste-me como seu nunca me tivesses beijado antes, senti o teu cabelo a molhar a minha face e então disseste que tinha de te enfrentar. Só ouvia os risos dos outros, só pensava que não sabia nada, que queria sair dali. Tirei a folha do bolso dos calções e dei-ta. Não sei, a tua cara era algo que não consegui decifrar, um misto de ternura, frustração, alegria? Não sei mesmo, mas, sem desviar os olhos, colocaste a mão no meu peito, depois a outra, depois chegaste-te mais a mim, e quanto eu já estava molhado colocaste a folha no meu peito, alisaste-a com o dedo, e ela ali ficou, aderiu perfeitamente e tu olhavas para mim e para a folha e eu levei a minha mão à tua. Disseste: “Tudo o que sei é que estou a tentar, podes deitar fora a folha mas não a devolvas, podes fazer com ela o que quiseres, mas eu dei-ta percebes?! Eu tentei e agora tu é que sabes o que fazes com ela João!”. E nessa noite que estava cada vez mais fria senti-me quente, como não me tinha sentido no sol dessa tarde. Afastaste-te um pouco e ficaste ali a à minha frente, cheio de frio, abraçavas-te a ti próprio, olhando para mim como que esperando uma reacção, e eu disse:” Vês? Não devias ter atirado o casaco! Macaquinho”. Deste-me aquele sorriso parvo que antes tanto me irritava e então dei-te finalmente a mão.
Agora já sei. 17-07-10

quinta-feira, 8 de julho de 2010

não sei

Quando estavam todos felizes e tocados de demasiado vinho, deixo a festa para trás, para andar sozinho com os meus pensamentos e a minha mente retorcida nesta noite quente, mas ali está ele, e ele anda como… mas por um segundo parece-me que tenho um relance do verdadeiro ele por detrás de tudo o resto, é quente e frágil, com um sorriso que lhe chega aos olhos, e neste momento… uma mudança tão sublime. E se ele olhasse bem para dentro dos meus olhos, e suavemente me pedisse, eu estaria na sua cama e na sua carne e perderia a vida que tenho, portanto seguro a minha respiração, fecho os meus olhos e concentro-me no vinho, deixo este momento passar para poder dizer boa noite. Mas então, num impulso, quase toquei na sua cara, antes de afastar a mão. E ficámos nervosos, rimos e ele entornou o seu vinho, ambos embarassados com o que estava nos nossos pensamentos. E talvez seja do vinho, do algo nos seus olhos, eu quero o apenas desta vez, apenas desta vez. Se ele me pedisse suavemente e me olhasse nos olhos, eu estaria na sua cama e na sua carne, e perderia a vida que tenho. E se olhasse nos olhos dele, e suavemente lhe pedisse, ele entregava-se, e à sua carne e estragaria a vida que tem, então sustivemos a nossa respiração, fechamos os nossos olhos e tomamos um golo de vinho, mas a sede tirou-nos todo e devíamos dizer boa noite, ajuda-me a dizer boa noite.