terça-feira, 16 de novembro de 2010

Hernitage

Lá fora a vida contínua. Tudo decorria normalmente, mas dentro de casa não há vida, podia ver o pó a pairar na luz da janela, os pequenos desenhos de poeira no tapete negro, via tudo como sempre vi, cheio de vida, da minha vida, apenas sorri.

Não restava nada, nada que me importasse, nada por que me preocupasse.

Ali fiquei, no velho sofá de tecido puído, ainda não acreditava em tudo o que mudou, foi quando, após fixar apaticamente a penumbra de um canto, me apercebi que algo ali estava, algo que não pertencia ali, que não me pertencia, e, se não era meu, só podia ser… Oiço o piano, apenas uma tecla, talvez o gato tivesse regressado na esperança que eu, eu!, desta vez o alimentasse, mas de um Dó se propagou uma melodia, ganhou forma e textura, “The Promise” de Michael Nyman reconheci, não, não estava só. Apenas eu começava qualquer melodia com um Dó, talvez por mania, talvez por…, o primeiro som, o primeiro amor.

“Why?”

“I’m sorry.” – Respondeu.

“What are you doing here?!” – Perguntei

“I don’t know. I really shouldn’t be here.”

“Of course not. You can’t just enter here at your will anymore!”

“Oh sure, sorry, I mean, is that all?”

“And start playing with Dó! You never do that, that’s my thing!”

“I know, can’t I stay just for a while? But is that all? Are you just mad because I’ve entered and because of the Dó thing?”

“I’m not the one saying everything anymore.”

“Oh...”

And then the door opened...

“What?...”

“You really should have said you’ll come... sorry... I mean there’s nothing that I need to be sorry for...”

“Oh, I mean, I see... oh gosh I’m so stupid...”

“Well you can stay, you have the keys, I’m leaving now, we’re going… I’m leaving” – E nesse momento, enquanto a minha mão era puxada suavemente, passei por ti e vi-te pela última vez.

domingo, 14 de novembro de 2010

O mesmo

Através dessa tua forma plural de falar estendeste a mão. Num pequeno olhar deixei cair a minha para me juntar a ti. Juntos demos mais um passo para o precipício que nos juntará.








P.S. Como metade dos meus posts ao longo destes anos se referem a uma contorbada relação pessoal que mantenho decidi fazer uma nova etiqueta designada "Meu D."