quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Clavícula esquerda

Na tua estatura rígida e fria, angulosa e esguia, cravei os meus dedos, fechando os olhos na tua clavícula esquerda.

Quando saímos do táxi, caminhando lentamente para a porta do prédio, refugiei-me num cigarro, adiando a despedida, criando espaço entre nós.

Pensando em como tornar o momento curto, eficaz, suave. Sonhando que podia ignorar, fingir que o amanhã era apenas isso, um sábado como os outros.

Enquanto fumava puxas-me para ti, enquanto falavas e dizias, que dizias tu, a minha cabeça cheia daquele momento pouco deixou ouvir e nada assimilou.

Do que ficou, sei, foi um pedido para que me deixasses acabar o cigarro, mas puxas-me de novo e dizes para me chegar.

A minha tentativa falhada de tornar tudo em algo curto, um mar numa nuvem!

Falhei - quando te senti - a estatura rígida e fria, angulosa e esguia, cravei os meus dedos, fechando os olhos na tua clavícula esquerda.

E ali ficámos até eu me conseguir separar, colocar uma distância - as palavras foram-se na minha cabeça demasiado cheia de tudo o resto para as reter, reter como não me largaste.

See ya.